quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Quem é o Inimigo?

São tão comuns os traumas que ferem as famílias de um modo geral, no mundo todo, em todas as épocas, que vem bem a calhar uma pergunta ao mesmo tempo simples e insidiosa: quem, afinal, é o nosso grande inimigo?

Não, não vamos entrar na contenda filosófico-ocultista do conceito de "Bem X Mal"... Essa deliciosa polêmica é até mesmo de reluzente interesse para os estudos a que nos devotamos. Mas fiquemos, aqui e agora, no terra-a-terra das circunstâncias humanas que habitam nossa Vida sem exceções. Sejamos simplistas sem perder o senso crítico e objetividade.

Se imenso é o número de pessoas afetadas --- e hoje mais do que nunca --- pelos males da depressão, ansiedade, estresse, síndrome do pânico, labilidade emocional, síndrome de Burnout, não menos expressivo é a quantidade de pessoas que a Vida, nos moldes em que as relações familiares se desenvolveram hodiernamente, mantêm na mais danosa imaturidade mesmo após o terceiro ciclo setenário de sua existência.


Vamos nos ater ao geral, ao comum, garantindo uma meditação válida para a maioria dos casos. Exceções sempre existirão.


Nas famílias de mais baixa renda os adolescentes costumam envolver-se com o desencanto que a precariedade financeira lhes traz à experiência. Continua o jogo de futebol com os colegas. Às vezes, jogam vôlei ou basquete, mas o futebol ainda é a preferência. Em cada casa, normalmente sem acabamento externo, com móveis simples e apenas os indispensáveis, há um televisor moderno que, de alguma forma, lícita ou não, recebe o sinal dos mais variados canais a cabo. Deixam a meninice para trás com a crescente certeza de que há mesmo um mundo diferente daquele em que vivem, com mais prazeres, com mais beleza, com miríades de divertimentos, smartphones, tablets, computadores, estações de jogos e jogos cada vez mais sedutores, com gráficos perfeitos. Há também toneladas de filmes que, na ausência de outros elementos de convencimento, incutem na mente jovial a convicção de que existe um autêntico glamour na ilicitude de quem vence um certo "sistema" e arrebata para si os "ganhos sociais" que uma tal de "elite" vem lhes roubando desde os tempos de seus avós. Não, ainda há mais tempo!

Se a classe social desses jovens coincidir com os arrabaldes de uma metrópole putrefada de drogas, prostituição, furtos, roubos, e imposição de poder por mera violência, o resultado costuma ser o voluntariado operoso pela militância criminosa. Pés em chinelos de tiras, bermudas abaixo do joelho e grandes bolsos, camisetas sem mangas, bonés, compõem o fardamento de um exército sob rigorosa disciplina de jovens alguns poucos anos mais velhos. Sorrisos largos e olhos desafiadores são fotografados com um fuzil de assalto com bandoleira e carregador extendido, na típica pose dos que encontram alguma "dignidade" e espírito de corpo. São as falanges, comandos, enfim, entes coletivos estruturados para as estratégias de recuperação dos valores que as elites esbulharam sob o mais terrível mal a se combater: os criminosos de colarinho branco, ou seja, todos os "ricos" que existem, todos envolvidos no esquema de exploração da população espoliada. 

Com uma veemente certeza de que a vida é exatamente assim, os adolescentes não conseguem ouvir a triste ladainha dos velhos de sua casa que, como efeito do medo deformante causado pelas elites, não podem mais ser levados a sério, senão como um cenário comum que, segundo todos os demais jovens reportam suportar, somente causa idêntico sofrimento em seus lares. "Pô, que saco!". 

Mais uns poucos anos de interação com esse mundo de possível reconquista e duas possibilidades se abrem. Ou a história termina sob um petardo certeiro de um fuzil carregado por um bem treinado militar policial, ou a história prossegue e o jovem é promovido, passando a ter mais e mais envolvimento com o sistema paralelo que constitui a sociedade em que vive: o crime organizado. Mas então já não está com tanta certeza acerca dos motivos que enobrecem sua guerra de reconquista. Sem tecer comentários, vai se dando conta de que, afinal, é o que é, um bandido, um delinquente, uma pessoa que a esmagadora maioria do restante da imensa cidade considera apenas como um malfeitor que merece mesmo ser abatido a tiros pelos homens fardados.

É ainda de pouca idade, porém já está até a raiz dos cabelos aprisionado no piche da criminalidade. Se tentar simplesmente sair do "esquema", seus próprios companheiros não hesitarão em exterminá-lo. A ladainha dos velhos é relembrada com mágoa, já que continua sentindo-se uma "vítima" da falta de oportunidades e ausência de uma eficaz boa orientação. Se continuar vivo mais alguns anos, com certeza já não pensará nesses aspectos "menores e pueris da existência".

Toda essa saga poderia ser reescrita com fácil adaptação para jovens oriundos de lares muitíssimo mais confortáveis e famílias com oportunidades concretas de autorrealização. Paradoxalmente, esses adolescentes deixam aflorar em si mesmos uma noção, quase nunca sequer sugerida por seus pais, de que o mundo é assim desde sempre. A humanidade não mudou nada desde que surgiu, apenas conquistou mais tecnologia. O mundo é dos espertos, consoante uma deformada releitura do Neodarwinismo. Mesmo desconhecendo  Nietzsche (ou até por "conhecê-lo"), concebem-se como super-humanos que têm o dom natural de impor-se, vencer, conquistar. Evitam, igualmente, ouvir os mais velhos de sua família temendo-lhes a obsolescência, chaga que lhes causa aversão e medo, como se fosse altamente contagiosa.

Não se preocupam com conceitos como "justiça social" ou "igualdade de oportunidades", tampouco "meritocracia". A meritocracia deles é a capacidade de atingir os objetivos seja como for, passando por sobre quem e o que for necessário. 

Enfim...

Juntamente com a evolução e eliminação de conceitos machistas, houve a dissolução, como efeito colateral, daqueles deveres de cooperação com o ente familiar. O rapazinho e a garota passaram a se ver como projetos de si mesmos sob o débito absoluto de apoio dos pais, independentemente da concordância deles com esse ou aquele caminho adotado. Alguns chegam a sentir-se no "direito" de ser financiados integralmente nos festejos norturnos, nas rodadas de noite afora por toda a madrugada. Sorriem ao ver a preocupação patológica dos pais.

Não são poucos os pais que sabem que isso tem sido assim há alguns anos.

Contudo, há também adolescentes que, independentemente de pertencerem a esse ou àquele segmento da sociedade, observando o mundo exibido nos televisores não chegam necessariamente a concepções jihadistas de reconquista ou de mera tomada à força das coisas que deseja. Tampouco acham que o mundo pertence aos mais fortes, sob quaisquer preços ou meios.

Voltemos um pouco a tempos idos.

Nos séculos anteriores o rapaz desde seus catorze ou quinze anos já passava a sentir parte do peso das responsabilidades de seu lar. Além do estudo (para os poucos que podiam estudar além da formação mínima), o jovem se via envolto nas ações de manutenção da casa. Garotas ajudavam suas mães consoante a cultura então vigente dos "serviços femininos", enquanto os meninos estavam sob a fiscalização e cobrança dos pais, mantendo a grama aparada, as calhas limpas, o lixo recolhido e levado a destino, os pequenos consertos que portas, portões, armários e estruturas menores demandavam. Alguns, inclusive, se aventuravam por pequenos ajustes nos circuitos elétricos domésticos.


Há ainda quem bem se lembre que, um dia, já foi assim. Tal postura, guardadas as devidas proporções e as modificações sadias que a evolução certamente traria, com a diminuição dos preconceitos, é o que ocorre em poucas famílias hoje em dia. Depende do bom senso maior das pessoas que compõem o ente familiar.

Nessas famílias, bem menos numerosas, garotos e garotas cooperam com o esforço quase sempre extenuante de pais preocupados, carinhosos, mas muitas vezes ocupados demais para demonstrar todo o amor que nutrem por seus jovens filhos. Nem por isso tomam-se de revoltas pasteurizadas sob embalagens vendidas a preços módicos. Esses jovens dão mais atenção aos momentos de alegria no lar, deixando como meros infortúnios os instantes de dor pelas rusgas ainda onipresentes em qualquer grupo humano.

Chega... Já podemos formular uma outra pergunta insidiosamente preparatória para o tema inicial deste texto.

Como deixamos que a regra se tornasse exceção?

Não creio que alguém tenha uma resposta simples para isso. Impotência, desleixo, ignorância, descuido na absorção pelos combates comuns do dia a dia... Na verdade, nada parece responder adequadamente porque há uma mistura de causas que se alternam ou concorrem conforme o tempo passa.

Mas, sim, o fato é que nós deixamos que a regra se tornasse exceção.

Aquele padrão de jovem imbuído de seus deveres perante sua família e na preparação para a vida chega a ser um invejado item no rol dos sonhos de todos os que já vêm os primeiros sinais de desvio em seus filhos. Filhos ainda e para sempre totalmente amados.

Todos os bebês, nenéns, pequeninos curumins vão se alterando. 

Bem, eu acho que, talvez, essa deformação da família não seja, por assim dizer, "o Inimigo"; porém tenho convicção de que é "um forte Inimigo" de todos os que se colocam na missão de forjar os filhos para a vida.

Como quase sempre, causa-nos desconforto inconfessável a constatação de que nós mesmos colaboramos para que assim o mundo tenha se tornado.

Você já assistiu ao filme "O Advogado do Diabo", com os inexcedíveis Al Pacino e Keanu Reeves? É uma fantasia. É um filme que trata como verdade objetiva a figura de Lúcifer e dos anjos caídos. Mas, ambientando-se na atividade excitante de um grande escritório de advocacia em Nova York, põe o simbolismo, a mitologia do pecado original e tudo o mais sob um roteiro primoroso. É um filme que nos faz pensar. E muito (salvo, é claro, para quem o assiste com senso de mero divertimento destinado ao esquecimento).

Uma das passagens mais interessantes do filme (creio que a mais importante), é o próprio Diabo dando seguidos e maravilhosos conselhos ao noviço causídico, conclamando a muito maior importância da família em cotejo com o extenuante ritmo do trabalho. A decidão tomada em favor da continuidade do trabalho é do noviço, tanto quanto mais ressoam-lhe os bons conselhos. No final do filme é relembrado esse fato pelo Diabo, despertando o noviço para a simples realidade ser seu o livre arbítrio, não dele.

Por que o menciono?

Porque também nós, pais de família, seguidamente damos ouvidos a conselhos da vida que nos soam maravilhosos. A sociedade evolui. As crianças, agora, já nascem falando, são muito mais espertas. Não podemos tratar nossos tesouros, hoje em dia, da mesma forma antiquada e castradora de nossos antepassados. Temos que fazer com que os filhos saibam que somos seus amigos, muito mais do que pais. Temos que torná-los capazes de nos dizer qualquer coisa, mesmo que isso custe toda a nossa autoridade familiar.

São frases que representam valores interessantes. Todavia, muito mais sorrateiramente, são frases que nos tocam o interior com uma deliciosa dispensa de um esforço maior em observar, cuidar, orientar, cobrar, negar e aplicar castigos quando necessário. É uma fórmula alquímica espetacular. Afinal, "é um saco" ter que ficar, depois de tanto trabalho cansativo, percorrendo a longa planilha dos deveres que todos os pais, querendo ou não, têm para com seus filhos.

Estou bem propenso a dar crédito de Verdade com "V" maiúsculo, a essa mensagem escancarada pelo magnífico diabo Al Pacino, sob o olhar quase indefeso de Keanu Reeves. Claro que estar tal mensagem numa sequência de cinema vai trazer a alguns (ou a muitos) um torcer de nariz. Não importa. Ainda acho tão válido como ter lido num livro milenar de sabedoria.

Eis aí o nosso GRANDE INIMIGO.

Somos nós mesmos. Todo o louvor aos que sabem escapar dessa insidiosa forma de autocorrupção por toda sorte de sofismas acalentadores.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

NOSSA INIQUIDADE, um pouco mais...


Já falamos sobre a iniquidade dos homens com ênfase em seu atual estágio e sob ótica espiritualista.


No entanto, há miríades de aspectos do dia da dia, bem terra a terra, que não podem ser deixados sem expressa menção.

Muitas vezes a têmpera que só o forno e muitos choques térmicos permitem transformar o minério numa lâmina cristalina exige esforço e dedicação tais que o ferreiro claudica. Fraqueja. Duvida do sucesso e até mesmo põe em dúvida se vale a pena ser vivenviado.

O minério chega às mãos do ferreiro do mesmo modo que a rocha grosseira e disforme é apresentada ao escultor. Enquanto um se extenua sob o calor indispensável ao seu trabalho, o outro se estafa com marretas, martelos, cinzéis, que só funcionam sob insuportável esforço físico misturado com a precisão que faz de ambas as atividades uma autêtica Arte.

Quantos grandes Artistas da Alma esse mundo já conheceu? Toda a história humana não encheria um volume com grandes nomes. Mesmo quanto a e esses, quase nada sabemos de suas falhas e dos tantos momentos de desânimo e desencanto. Enfim, se compararmos com o todo da jornada humana são raríssimos em cotejo com os que simplesmente puseram de lado tais misteres e seguiram por outras sendas.

Pois bem.

É assim no sempiterno desforço da alma humanizada. O acúmulo de decepções é causa bem mais relevante do que a simples indiferença ou mesmo esqualidez de alguns aventureiros. Os que vencem seus limites, entregam a obra e colhem os frutos. Não duvide que boa parte destes já, então, nem deseja mais tais frutos porquanto sem valor diante do que foi realizado sob tamalho sacrifício e incompreensão.

O Cristo, consoante o Ensino Superior na vertente mais recente e ocidental, deu-se como exemplo dos enormes espinheiros percorridos e que, impostos e cravados em sua fronte, caracterizaram-lhe a coroa com que o mundo o distinguiu diante dos demais.

O homem se contenta em não fazer o que lhe cabe. O ser humano se satisfaz por manter-se em seus parcos limites de convicções autocorroentes de prazer e euforia. A Vida é pródiga em prover todos os meios para que o homem escolha centenas de cenários ilusórios, ao invés de seguir pela senda difícil, árdua, quase autodestrutiva, a que uma pequeníssima chama de Verdade o convoca todos os dias.

Dentre os poucos que tentam seguir essa convocação, infelizmente, a maior parte termina deixando para trás seus deveres espirituais por não resistir, anos a fio, aos tormentos que o submetem e sobre os quais não tem controle.

Controle?

Não foi o próprio Cristo que nos falou de afastarmos as preocupações com as coisas do mundo e seguir em busca do Reino de Deus, com a promessa de que tudo o mais nos seria acrescentado? Não duvido de que essa seja uma Verdade Universal. Todavia, a própria estadia do Mestre dos Mestres nesse mundo evidenciou que os acréscimos das necessidades conhecidas pelo Pai poderiam, como de fato puderam, levá-lo à famosa locução "Pai, afasta de mim esse cálice".

O Cristo aceitou o cálice e dele sorveu até a última gota, trocando o livre arbítrio pelo senso de dever que registrou aos homens sob a cláusula "Seja feita a Vossa Vontade".

No entanto, eu, pelo menos, não sou o Cristo. Assim, tomo-lhe os Ensinos como norte absoluto e não os descreio. Entretanto, descreio, sim, da minha miserável condição espiritual em proceder como ensinado.

Acho que a Benevolência, a Indulgência e o Perdão, diamantes atirados a essa vara de porcos humanizados, são pisoteados pela maioria desde que a consciência atinge a noção de que muito, mas muito mesmo, lhe será exigido.

Alguns, pisam com menos arrogância, outros sob a vaidade que constrói uma sólida máscara de personalismo, inventando para si mesmos missões arquitetadas com o minucioso cuidado de não trazer quase nenhum esforço de auto-aperfeiçoamento.

Já outros aceitam o Ensino e, mesmo sob seus senões ainda inevitáveis, tentam seguir o Mestre. Dentre esses, inúmeros se deixam prostrar. Caem. Levantam-se novamente para novamente, mais adiante, serem demolidos.

Somente os que têm uma marca na testa, não física mas espiritual, têm a tenacidade que a Obra exige.

Tenha muito cuidado com sua Vigilância. Os inimigos mais destrutivos não estão com fardamentos diferentes além de alguma fronteira; estão e são muitíssimo mais pertos e dissimulados do que você imagina. O primeiro deles é o veneno que o tenta continuamente a desistir. Logo atrás, sob o comando desse generalíssimo, os combatentes do mau combate cercam sua vida nos círculos mais próximos de seu viver.

terça-feira, 18 de julho de 2017

EXORCISMO - DESOBSESSÃO - VISÃO ESPIRITUALISTA (MODELO)

Senhor Deus de Infinita Paz, Bondade e Misericórdia! Permiti que JESUS CRISTO, nosso Mestre e Irmão Maior, e os Espíritos Superiores determinem a presença de uma Equipe Socorrista da Espiritualidade para trabalhos de desobsessão nesse momento em que suplicamos o Auxílio do Plano Maior.

OREMOS

--- Ajuda-me, Pai
Sempre que a mão trêmula denunciar-me o medo
E os olhos queimarem sob o pranto mal contido,
É em Ti, meu Pai, que sempre buscarei conforto!
Ajuda-me, Pai, a vencer a sedução da ira...
Ajuda-me, Pai, a prantear sem entregar-me ao desespero...
Ajuda-me, Pai, a pressentir a Providência em meu socorro...
Ajuda-me, Pai, a não fraquejar mais que este choro de dor...
Ajuda-me, Pai, a ter-me em rediviva certeza de vitória...
Ajuda-me, Pai, porque necessito de Tua Misericórdia!
Ofereço-Te, Pai, minha confiança mesmo chorando...
Ofereço-Te, Pai, minha candura a abafar toda revolta...
Ofereço-Te, Pai, o meu desejo de vencer por Tua Glória...
Ofereço-Te, Pai, minha pequenez que se agiganta no Teu colo...

--- Súplica por amparo
Senhor Deus de infinita paz, bondade e misericórdia!
Neste momento erguemos nosso pensamento até Vós!
Permiti, Pai eterno, a presença dos anjos de luz!
Dos mensageiros que atuam em nome de Jesus de Nazaré!
Permiti, Senhor, que nos venham trazer a orientação do Alto!
É no exercício de nosso livre-arbítrio que assim o pedimos, Pai!
Deus amoroso! Não retireis pedra alguma de nosso caminho,
Mas dai-nos amparo para que vençamos todos os obstáculos!
Senhor Deus de Infinita Paz e Misericórdia,
Seja de minha vida a Luz e o Caminho,
Não retire uma só pedra de minha senda
Mas esteja, Pai, comigo em cada passo...
Peço, Senhor meu Deus, que me ajude nas escolhas,
Que me alivie o fardo do livre arbítrio, tão perigoso,
Que me permita ver, muito mais que enxergar,
Saber, muito mais do que conhecer,
Ouvir, muito mais do que escutar,
Vivenciar, muito mais do que experimentar,
Amparar, muito mais do que ajudar...
Senhor Deus de infinita Bondade e Misericórdia,
Ampara-me, Pai, para que eu aprenda a Amar...

ORAÇÃO DE DESOBSESSÃO

Nesse momento pedimos a JESUS CRISTO e a SÃO MIGUEL ARCANJO, bem como a todos os Espíritos que atuam em socorro dos homens encarnados na Terra que, pela Misericórdia de MARIA SANTÍSSIMA, nesse momento nos enviem Espíritos Intercessores Socorristas contra os espíritos maléficos, contra os espíritos trevosos, contra os espíritos perturbadores, contra os espíritos que se venderam em trabalhos das trevas e do umbral mais baixo.

JESUS CRISTO, SÃO MIGUEL ARCANJO e MARIA SANTÍSSIMA, venham em socorro de todos nesta casa para que a LUZ DO PAI ETERNO expulse e compulsoriamente leve ao devido destino todos os espíritos trevosos, sofredores, perdidos, atormentados, convulsionários, para que não possam mais influenciar, atormentar, obsediar, nem fazer mais mal algum.

SÃO MIGUEL ARCANJO rogamos que a intercessão dos Espíritos Socorristas não demore no auxílio a todos desta casa:
  
(mencionar aqui os nomes de todos os que habitam a casa)
  
Que a Autoridade do AMOR SUBLIME do Cristo atue de modo que, conforme o mérito de cada um de nós diante da Vida, sejamos LIBERTADOS para que possamos manter a ORAÇÃO e a VIGILÂNCIA sem as influências nocivas que nos fazem sofrer.

JESUS CRISTO ENSINOU a Lei do Amor e nos prometeu estar sempre conosco.

É O AMOR DE JESUS que ORDENA a todos os espíritos maléficos, espíritos trevosos, espíritos perturbadores, espíritos que se venderam em trabalhos das trevas e do umbral mais baixo, espíritos sofredores, espíritos perdidos, espíritos atormentados, espíritos convulsionários que DEIXEM DE enganar A NINGUÉM NESTA CASA e derramar o veneno da maldade; deixem de ferir a ALMA CRIADA POR DEUS interferindo com a sua liberdade.

Saiam do caminho do CRISTO em obediência à LEI DO AMOR ETERNO DE DEUS ensinada pelo preço do seu sangue. Rebaixem-se à poderosa mão de Deus; tremam e fujam diante do nome de JESUS CRISTO!

E que a Piedade do PAI ETERNO os encaminhe, a todos, ao seu destino para que recebam a colheita do plantio de maldade a que se dedicam.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Exorcismo - Descontaminação - Desobsessão

Desde logo é de se destacar que a Igreja Latina apregoa que o ato de expulsar espíritos maléficos deve receber prévia comunicação ao Bispo local e autorização, salvo engano, de ninguém menos que o próprio Bispo de Roma.

No entanto, paralelamente às inúmeras polêmicas dos hermeneutas dos Evangelhos Canônicos, notadamente dentre católicos e evangélicos, é inescondivelmente lícito interpretar que Jesus autorizou as pessoas de digna conduta moral a expulsar demônios.

Veja-se adiante (vários outros versículos poderiam ser mencionados, de outros evangelistas; mas os seguintes nos bastam). 

Evangelho de Lucas:

9:1 - Reunindo os Doze, Jesus deu-lhes poder e autoridade para expulsar todos os demônios e curar doenças,17 - Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios se sujeitaram a nós, em teu nome!»18 - Disse-lhes Ele: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago.19 - Olhai que vos dou poder para pisar aos pés serpentes e escorpiões e domínio sobre todo o poderio do inimigo; nada vos poderá causar dano.20 - Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes escritos no Céu.»

Fica evidente que não apenas os doze apóstolos podiam expulsar demônios. Logo adiante, o texto expõe o ensino do Cristo a setenta e dois discípulos, não havendo nenhuma distinção.

O trecho em que Jesus assevera que os discípulos deveriam se regojizar por "terem seus nomes no Céu" é óbvio por si só: o sucesso da expulsão de espíritos maléficos depende fundamentalmente da autoridade moral de quem os comanda a se retirar.

Por outro lado, nada de errado existe em se estabelecer um ou vários rituais que possam ser seguido pelos clérigos, ou por quem quer que se disponha e se ache em condições de impor comando a espíritos obsessores convulsionários, que tantas vítimas fazem desde sempre.

Mas os ritos servem apenas e tão somente para o fim a que se destinam, ou seja, dar disciplina e ser um sustentáculo espiritual para que a empreitada possa se desenvolver com maiores chances de sucesso.

Recentemente a mídia noticiou que o Vaticano reativou o Curso de Exorcistas para os sacerdotes em Roma. No Brasil, segundo fontes midiáticas variadas, existem cerca de 30 (trinta) sacerdotes autorizados a realizar um exorcismo.

A questão mais relevante na verdade não é essa.

Óbvio que se alguém pretende dar comando de expulsão a um espírito obsessor renitente e maléfico há de ser uma pessoa de sólida retidão moral. O problema maior é que a vítima de uma situação assim, ou alguém de sua família, pura e simplesmente não tem tempo para delongar-se em um processo que:

  • se inicia com a busca de ajuda na Igreja;
  • tem que passar pela opinião inicial do padre local (que nem sempre se sente à vontade com essa situação);
  • tem que formular um pedido ao Bispo da respectiva Diocese;
  • tem que passar pela opinião do Bispo (que, da mesma forma, nem sempre é favorável a problemas desse jaez);
  • tem que aguardar o envio do pedido ao Vaticano;
  • tem que aguardar o recebimento da resposta do Vaticano.

Claro que, no caso das Igrejas Evangélicas, até onde pude averiguar, tudo se dá de modo bem mais célere, dependendo basicamente do pastor ou conjunto de pastores que ali atuam. Ainda assim, evidentemente não se faz coisa alguma senão depois de um mínimo de cautelas.

Então, a questão do TEMPO, da demora, do excessivo intervalo entre o início dos fenômenos e o início do ritual, que deveria ser o elemento mais relevante a se discutir, na maior parte das vezes fica em segundo plano. E olhe que não são raros os relatos de rituais que se arrastam por semanas, ou meses, depois de iniciados.

Não é à toa que muitos indivíduos sob perturbação espiritual (sim, já fazendo exceção dos histriônicos, esquizofrênicos paranóides etc) procurem outros caminhos para a ajuda tão desejada.

Faz bem pouco tempo a mídia bateu pandeiros por conta da ação de sacerdotes dos Arautos do Evangelho que, identificando a presença de espíritos perturbadores, passaram a tomar providências de exorcismo sem o longo processo formal de pedido de autorização.

Não vou defender, nem acusar ninguém.

Só digo que se uma pessoa tem vida moralmente regrada o suficiente para se manter incondicionalmente resistente às miríades de oportunidades de realizar conduta imoral, antiética, vivenciando o tão famoso e quase nada aplicado "orai e vigiai", não vejo o porquê de se lhe vedar, proibir, perseguir, menosprezar eventual atitude de entoar a prece que lhe parecer melhor e pedir, em nome de Jesus, que o espírito convulsionário se retire.

É um sofisma afirmar que seria perigoso defender esse ponto de vista. 

Se a pessoa é um homem comum, sem virtudes suficientes, simplesmente NADA ocorrerá. Ademais, mesmo que se trate de alguém virtuoso o bastante para ter sucesso, a vítima da obsessão espiritual só permanecerá livre se ELA TAMBÉM PASSAR A TER CONDUTA RETA.

Simples assim...

Conquanto simples, o que mais se vê dos casos de desobsessão bem sucedidos é que o sujeito não se esforça na modificação interior, mantendo (até recrudescendo) velhos hábitos mentais que o levam ao mesmo desfecho, ou até pior.

sábado, 15 de julho de 2017

EMBRIAGUEZ DO SABER


Deitei livros e busquei sabedoria...
Muito aprendi do que não queria!
Além da vaidade, do ego em jactância,
Perdi-me jovem na atual ignorância...

Se Satia Sai Baba já dizia, lá do Oriente,
Ecoando com a Paz do Mahatma Gandhi,
Que o Amor é a Luz que apacenta o crente,
Tolice esperar que o alheio me encante!

Cristo, Príncipe de Luz tão sereno e humilde!
Perdôa-me o orgulho de refurdar o entulho
Que em minh'alma juntei por negligência...

O Universo que o Pai Eterno sustenta
Não se dobra ao estudo, à inteligência...
Só o Amor nos guarda ainda indulgência...

sexta-feira, 14 de julho de 2017

ORAÇÃO A MARIA SANTÍSSIMA

Maria, Santíssima Rainha dos Anjos, ouvi minha prece.
Sois Vós a Divina Intercessora do homem perante Deus!
Sois Vós a Mãe Sagrada que desvela Ternura aos pecadores.
Sois Vós a Mãe de todos, Misericordiosa, que nos abraça!
Mãe Maria que esmaga a serpente com seu Amor e nos ilumina,
Cativa-nos o empedernido e  recôndito coração para o Amor!
Acalma-nos os olhos excessivamente sedentos de tudo ver,
Canta-nos ao ouvido deformado na busca de segredos alheios.
Mãe Maria, Santa Rainha dos Anjos, doa-nos Ternura a alma!
Traz-nos força para dobrar joelhos e coragem para orar!
Deposita Sua Sagrada Destra em nossa fronte quando, na prece,
O Deus Pai Todo Poderoso nos colocar diante de nossos defeitos!
Maria, Santa Mãe de Jesus, intercedei por nós sempre na vida!
Oferecemos-vos nosso esforço em conquistar a Boa Vontade,
Em cultivar a Indulgência e a Perdoar todos os que nos firam,
Para tanto suplicando que nosso Anjo Guadião conosco esteja!
Marco Aurélio Leite da Silva

quinta-feira, 13 de julho de 2017

NOSSA INIQUIDADE

O Universo, e é a Física quem o assevera firmemente, é um imenso oceano de vibrações. É um todo de manifestações ondulatórias que vêm e vão, cruzando-se, interagindo, literalmente convivendo em meio ao corpo universal de que, afinal, elas próprias são elementos estruturais.
Um espiritualista, independentemente de sua religião ou ausência de religião, bem sabe que as vibrações nos circundam, trespassam, conosco ressoam. Nem sempre tal interatividade resulta favorável ao nosso equilíbrio geral. Pessoas sensíveis sentem-se mau tão-só ao adentrarem determinados ambientes, muitas vezes de insuspeitada nocividade. Há também sensitivos que se revigoram ao convívio daqueles cuja alma vibra em paz, espargindo harmonia. Já as pessoas bem menos sensíveis, aquelas imersas integralmente no padrão denso das vibrações mais graves, terminam percebendo que têm algo diferente da maioria. São os que não sentem nada ruim em ambiente algum, mesmo que outros apontem aquele local como desagradável ou até insuportável.
A grande maioria de nós está no meio-termos entre os muito sensíveis e os quase insensíveis. Não cabe aqui nenhuma crítica, é bom que se esclareça. Pessoas isentas de sensibilidade às vibrações baixas de um local, ou de alguém, nem por isso serão necessariamente menos evoluídas no geral. Da mesma forma, pessoas com grande sensibilidade nem sempre cultuarão o requinte de uma conduta moralmente elevada.
O que se pretende discutir, nessas parcas linhas, é a dificuldade que temos de identificar o que há de influência imaterial em uma dada situação perturbadora que o homem experimente.
A magia dos verbetes técnicos da psiquiatria ou da psicologia não nos esclarece, com seus diagnósticos emoldurados de cientificismo, a essência dos males que perturba o ser, seja no estamento da mera perturbação, seja na desestruturação de sua personalidade. Mas ainda que nos mantivéssemos nos muros da ortodoxia catedrática, no mínimo teríamos o desconforto dos depósitos de psicopatas que se arrastam ou divagam em manicômios. Rótulos de diagnose e tratamento inúmeras vezes são quimeras sofisticadas incapazes de levar àquelas almas qualquer lenitivo.
Nos anais da neurologia bastas patologias deixam assente que o cérebro sofre ataques ou degeneração, o que comprova a efetiva existência de desarranjos essencialmente materiais para os males do tipo a que nos atemos aqui.
Existem psicopatas sem nenhum dano no cérebro. Existem infelizes que perdem a noção de si mesmos por degeneração das células cerebrais. A coisa toda se complica ainda mais se considerarmos que, num ou noutro caso, pode ou não haver a influência de causas espirituais. Como em tudo na vida, não podemos utilizar a sedução reducionista de taxar as perturbações como “sempre espirituais”. Quase ninguém ignora que o estresse pode levar à deterioração tanto física como emocional. Basta que o homem enfrente um ambiente hostil por tempo suficiente, tendo que se adaptar continuamente à hostilidade percebida, dia após dia, para que seu sistema imunológico baixe, sua autoestima regrida, numa sucessão fenomênica que poderá levá-lo a um colapso, quiçá fatal. Se estivesse na vida selvagem, fugiria ou lutaria pela sobrevivência. Mas no mundo civilizado, no interior de um escritório de trabalho com extremos de competitividade e, por isso mesmo, quase sempre sob muita agressividade, o ser tem que ambientar os impulsos no teatro da vida.
Existem, pois, perturbações essencialmente psicogênicas.
Nessas fases de desequilíbrio emocional o homem, salvo poucas exceções, não costuma cultivar os melhores pensamentos acerca de tudo à sua volta. Abre todas as comportas da irascibilidade no recôndito de sua mente, insciente de que nada é mais ilusório do que a privacidade de um pensamento. É nessas oportunidades que fica mais vulnerável à influência de outras ondas mentais de igual teor. Quando o padrão vibratório assume oitavas mais graves, agitando-se nessa seara de ondulações energéticas, recebe por ressonância o aditamento dos harmônicos com que se irmana. O diapasão da alma vibra por si e se realimenta com a vibração semelhante que lhe chega em harmonização. Cada um recebe o que cultua. Cada homem se afina com os pensamentos que merece.
Portanto, mesmo as perturbações essencialmente psicogênicas são, no mínimo, um campo muito fértil para a erva daninha da perturbação espiritual.
Muitas vezes ficamos sem saber o que fazer quando a bênção da medicina tradicional não resulta eficaz e nos frustra o ideal de cura. Mesmo os espiritualistas convictos, com os quais formo, sofrem intensamente a dor de conhecer a causa subjacente a todo e qualquer mal: a incúria.
O grande pecado que cometemos contra nós mesmos é a incúria, a ausência do “orai e vigiai”. Se o erro é a falsa noção da realidade e o pecado é a noção do caráter ilícito da atitude que tomamos, a iniqüidade é a contumácia no cometimento dos pecados.
Pecamos, e muito, em pensamento. 
Quem não tem os seus pensamentos inconfessáveis?
Cultivamos a iniqüidade que nos aprisiona nos limites de nossa incúria. Recebemos os harmônicos dos tons perturbados que conosco se afinam. E o pior de tudo: colaboramos para que outrem recebam os nossos harmônicos de dor e desatino. 
É hora de nos ajustarmos. Tarda. Somos integralmente responsáveis por tudo o que fazemos ou deixamos de fazer. Somos integralmente responsáveis por cada nesga de pensamento que lançamos no seio da Criação.

JUNG

Carl Gustave jung

Pensamentos que deveríamos sempre manter:


Erros são, no final das contas, fundamentos da verdade. Se um homem não sabe o que uma coisa é, já é um avanço do conhecimento saber o que ela não é.

Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro.

O ego é dotado de um poder, de uma força criativa, conquista tardia da humanidade, a que chamamos vontade.

Quando pensamos, fazêmo-lo com o fim de julgar ou chegar a uma conclusão; quando sentimos, é para atribuir um valor pessoal a qualquer coisa que fazemos.

Os sonhos são as manifestações não falsificadas da atividade criativa inconsciente.

Onde acaba o amor têm início o poder, a violência e o terror.

Tudo o que nos irrita nos outros pode nos levar a uma melhor compreensão de nós mesmos.

Tenho visto as pessoas tornarem-se freqüentemente neuróticas quando se contentam com respostas erradas ou inadequadas para as questões da vida. Elas buscam posição, casamento, reputação, sucesso externo ou dinheiro, e continuam infelizes e neuróticas mesmo depois de terem alcançado aquilo que tinham buscado. Essas pessoas encontram-se em geral confinadas a horizontes espirituais muito limitados. Sua vida não tem conteúdo ou significado suficientes. Se têm condições para ampliar e desenvolver personalidades mais abrangentes sua neurose costuma desaparecer.

O sofrimento precisa ser superado, e o único meio de superá-lo é suportando-o.

A totalidade não é a perfeição, mas sim o ser completo. Pela assimilação da sombra, o homem como que assume seu corpo, o que traz para o foco da consciência toda a sua esfera animal dos instintos, bem como a psique primitiva ou arcaica, que assim não se deixam mais reprimir por meio de ficções e ilusões. E é justamente isso que faz do homem o problema difícil que ele é.

Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta.

Só em nós mesmos podemos mudar alguma coisa;
nos outros é uma tarefa quase impossível.

Entre todos os meus pacientes de mais de trinta e cinco anos não há nenhum cujo problema não fosse o da religação religiosa. A raiz da enfermidade de todos está em terem perdido o que a religião deu a seus crentes, em todos os tempos; e ninguém está realmente curado enquanto não tiver atingido, de novo, o seu enfoque religioso.

Um pequeno poema que escrevi há pouco: 
Volto ao caminho e abandono a fria senda...
Retorno à seara em que sempre estive!
Sem revolta, com carinho, Deus me entenda!
Renuncio ao cio do saber que não contive!
É Luz, e nela insisto! Por Jesus, pelo Cristo,
Pela busca que já não me ofusca, deixo o apreço.
Não me ofusca a entrega de Amor puro e sem preço...
Humilíssimo, o Amor comigo esteve desde o começo!
Sinto que o Príncipe de Luz é só Misericórdia!
Paciente, aguardou-me sereno, aguardando concórdia
Entre minhas inquietudes e o simples caminho
Que dos pecados edifica e nos doa as virtudes...
Cá estou, genuflexo mas olhando fixo para adiante!
Pois sou, mesmo só em reflexo, brilho de diamante,
Filho do Pai Eterno que fere em carinho tão terno,
Tolice lamentar a demora, vez que o Pai é Eterno!
Marco Aurélio Leite da Silva

Quanto maior for a carga da consciência coletiva,
tanto mais o eu perde sua consciência prática. É, por assim dizer, sugado pelas opiniões e tendências da consciência coletiva, e o resultado disto é o homem massificado, a eterna vítima de qualquer “ismo”.

Fonte: https://www.pensador.com/autor/carl_jung/

sexta-feira, 7 de julho de 2017

NÃO... NÃO PENSE QUE SERÁ TUDO TRANQUILO...

Sem adentrar a meandros de religiosidade, uma coisa soa comum à maioria das religiões: por maior que seja a sua dedicação, seja essa ou aquela a doutrina adotada, NADA vai lhe garantir aquele estado de alma que todos desejam: a Paz.

Estamos fadados ao sofrimento? Por foros de convicção interior minha resposta é NÃO. Não obstante, já estando na terceira fase de minha existência nesta dimensão terra-a-terra, mais e mais me convenço de que somos assim como símios que, extasiados com o calor da borra de uma fogueirinha, fazem de tudo para mantê-la acesa diante de si. O símio senta-se confortavelmente e fica ali, aproveitando o calorzinho acolhedor.

Mas, por óbvio, a chama consome os galhos secos e o macaquinho tem que se virar para conseguir mais. Não, não pensa na hipótese de juntar-se aos demais companheiros e fazer uma fogueira maior, que durasse bastante tempo, de modo a facilitar a tarefa de alguns em conseguir mais madeira.

Cada um quer o seu próprio braseiro. E dele cuida do modo mais egoísta possível.

Se o galho seco que um deles viu foi arrebatado um pouco antes por outro símio, nasce a ira, o senso de que aquele galhinho tinha sido visto primeiro por ele. Brigam e o mais forte fica com o galhinho.

Assim muitas pessoas cultuam até hoje seus problemas, aquecidos pelo calor de vida que os conflitos egoísticos propiciam. O egoísmo é um calor morno, acolhedor, daqueles que nos trazem o prazer do personalismo.

Quando uma necessidade se apresenta, partem vigorosos na busca do que desejam. Se outrem atinge a meta, o objetivo antes, as regras sociais impedem (quase sempre) o desforço físico para a apropriação do interesse desejado.

Mas nasce uma insidiosa forma de ódio. O ódio calado, escondido num sorriso e, até em certos casos, num cumprimento pela vitória alheia.

O perdedor, mal retorna aos seus afazeres e já elabora um modo de alimentar seu Ego e manter o calor indispensável de sua individualidade doentia.

O macaquinho pega algumas folhas secas, ao menos para um alívio momentâneo, e se põe novamente aquecendo sua fogueirinha egóica até o próximo passo, preferencialmente com uma vingança...

Bem... Nossa parábola é tosca...

Mas é suficiente para entendermos que é muito difícil vencer o tépido colchão das nossas convicções pessoais, passando a realmente pensar de outro modo. Os valores só mudam de dentro para fora.

E, por melhores resultados que essa mudança traga, você resistirá, achará bobagem, sentir-se-á incauto, insano...

Bem-vindo ao caminho do despertamento...

  • Não vim trazer a paz, senão a espada.

ESTRESSE, A PENEIRA.

O estresse veio ao conhecimento da ciência médica não faz tanto tempo assim. No entanto, diferentemente do que ocorre com outros setores das pesquisas, ficou algo disperso em meio aos estudos da depressão, da desmotivação, dos surtos de burnot, algo como uma causa que pode desencadear os eventos que, esses sim, vieram a ser objeto de busca de tratamento e cura.

Já houve um tempo em que o Romantismo foi considerado o Mal do Século... A segunda geração romântica exponenciava o lirismo a tal estamento que, com ares de absolutez, determinava ou o nirvana, ou o hades para os melancólicos poetas cujo condoreirismo literário não os livrava do diagnóstico de carência autocultivada e sob masoquismo autopiedoso.

Paralelamente, uma semente muito perigosa foi regada. Espinheiros nasceram em quase todos os jardins. O (inexistente) superhomem de Nietzche aplicou alicerces à amoral sanha de conquista de Bisamarck. Nasceu, com o filósofo esquálido que nem podia ver sangue, toda uma filosofia que "justificava" o poder pelo poder.

Schopenhauer cuidou de aclarar que o mundo é assim mesmo. O bom velhinho, que viveu seus últimos anos recebendo rendas por suas obras cultivadas nas Universidades européias, havia exibido o mundo como vontade e representação, reconhecendo em uma de suas dores ninguém menos que a mulher.

Nao! Não sei, nem pesquisei, se há acoplamento cronológico entre uma coisa e outra. Pouco me importa. As ideias vicejam e florescem, para o bem ou para o mal, em lustros ou décadas, às vezes séculos.

Chega de saudosismo.

E o mundo de hoje? Já sabemos que cabe a nós fazer dele o que quer que seja. Mas... E esse inimigo que continua se insinuando em nossa vida desde o recato do lar até as mais ácidas reuniões de trabalho? E esse diabo paciente que nos sopra ideias as mais monstruosas nos momentos em que a existência nos impõe mais e mais dores? E esse demônio que nos insufla a opção de tomar de uma arma e assaltar para dar de comer aos pequenos que aguardam algo no barraco?

Sim, refiro-me ao estresse.

Sabe o que o médicos nos dizem quando vertemos quarenta, cinquenta minutos de nossos sentimentos e suas causas? Normalmente dizem algo como "você precisa diminuir o seu estresse"... Se você for mal educado a ponto de dizer "como?", advém a frase inevitável "tem que mudar sua vida"...

Claro que não é culpa dos médicos dizer isso. Afnal, o que eles poderiam fazer? Passam alguns remédios (e eu não sou contra remédios, muito pelo contrário; melhor com eles do que sem nada para ajudar lá no seu interior ardente e desesperado). Os religiosos agarram-se nos efeitos benéficos da fé. Também nada contra. A não ser pelo fato de que, sendo espiritualista, acostumei-me com a ideia de que somos todos 100% responsáveis pelo que fazemos ou deixamos de fazer.

Aqui vão algumas frases de alguém que, não tendo sido religioso, não é propriedade de ninguém:

  • De que serve ao homem conquistar o mundo inteiro se perder a alma?
  • Ame seus inimigos, faça o bem para aqueles que te odeiam, abençoe aqueles que te amaldiçoam, reze por aqueles que te maltratam. Se alguém te bater no rosto, ofereça a outra face.
  • Conselhos ruins podem acabar com um dia, um ano ou uma vida inteira.
  • A boca fala do que está cheio o coração.
  • Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua Justiça, e as demais coisas vos serão acrescentadas.
  • Quem quiser ser líder deve ser primeiro servo. Se você quiser liderar, deve servir.
  • O Senhor oculta algumas coisas aos sábios, mas as revela aos pequeninos.
  • Ame o próximo, como a ti mesmo.
  • Nunca faça para os outros o que você não gostaria que fizessem para você.
  • Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça.
  • Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
  • Veja, se eu o enviar para dormir no meio dos lobos, seja esperto como as serpentes e inofensivo como os pombos.
  • Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo.
Contente-se... É tudo o que recebemos já há uns dois milênios (na verdade bem mais, mas deixamos de lado os outros Semeadores de Sabedoria).

É a peneira, separando joio do trigo... Espero que não esperem muito trigo no final de tudo...

quinta-feira, 6 de julho de 2017

COMO BUSCAR A FELICIDADE?

O tema é de todo movediço... Tão difícil quanto entender o que é “felicidade”, é entender como devemos buscá-la. Mesmo sem nos atermos a definições ou conceitos, carregamos em nosso âmago a noção de que almejamos um estado de alma pleno, em que as inquietudes não mais existam. As inquietudes, enraízem-se em necessidades físicas ou espirituais, são o contraponto da Paz a que a alma eterna anseia. Vemos que a felicidade, mesmo não sabendo exatamente o que seja, é a água que sabemos existir ante a presença de uma sede constante que nada consegue aquietar completamente.

Buscar a felicidade depende de nossa atitude diante da Vida.

Meditemos.

Quando nos referimos ao amor da mãe por seus filhos, é certo que temos em mente um sentimento elevado, absorvente, incondicional, um sentimento de grande pureza e que vibra no tom fundamental da proteção plena à prole. Nesse contexto, quando dizemos “Mãe Natureza”, creio, buscamos ver na Vida a presença desse mesmo amor protetivo. Afinal, quem não desejaria estar eternamente no colo de uma mãe tão carinhosa quanto protetiva? 

Mas as coisas não acontecem na Natureza exatamente desse modo...

Todas as formas de vida estão em constante luta por sua sobrevivência. A Natureza, aliás, tem efetivos mecanismos de preservação da espécie, em si, e não do espécime, individualmente considerado. Equivale a dizer que o ser não é importante mas sim o ente coletivo. A Natureza é uma mãe que se preocupa em fazer com que os seus filhos, esses entes coletivos, ganhem mais e mais caracteres de maior adaptação ao meio e, portanto, maiores chances de sobrevivência. 

Para que os filhos da Mãe Natureza possam evoluir, pequenas porções de seres são expostos à experimentação das mutações genéticas. De fato, o eventual sacrifício de alguns indivíduos, caso a mutação resulte em adaptabilidade menor, vale o risco de beneficiar-se a espécie com uma modificação que venha a torná-la mais eficaz na busca de alimento e reprodução.

Bem, mas então, a bem da verdade, a Mãe Natureza não tem aquele “amor” materno nem mesmo por seus “filhos coletivos”. Se um espécime modificado mostrar-se mais adaptado, é bem provável que todo o ente coletivo estará fadado a ser substituído em sua composição individual por espécimes gerados pelo ser modificado e mais adaptado.

Os ocultistas costumam saber que a Mãe Natureza é “fria como uma tábua de mármore”.

Pois bem.

Antes de nos lançarmos a um indignado repúdio a essa concepção devemos pensar no quanto realmente desejamos que a Mãe Natureza seja “boazinha” e nos proteja. Mais do que isso, desejamos ardentemente que Deus seja, de fato, bondoso e misericordioso. Porque sabemo-nos imperfeitos e com falhas decorrentes, muitas vezes, de nossa livre opção.

Mas considerar a existência de um Deus de infinita bondade e misericórdia costuma confundir as pessoas. O ideal de Justiça Divina tem que se amoldar ao pressuposto de uma misericórdia infinita. Rapidamente o conceito de “bondade” torna-se o mesmo, ou muito próximo, do conceito de piedade.

Como haver plena e absoluta justiça se deve haver infinita piedade e misericórdia? Como podemos imaginar uma condenação, resultado legítimo de um Julgamento Divino, se a “bondade”, atributo essencial ao Criador, exige a equidade sublime do perdão incondicional?

Ora, talvez a nossa noção de Deus esteja mais próxima da idéia que fazemos de uma bondosa “Mãe Natureza”.

Segundo Pascal a Natureza tem perfeições para mostrar que é a imagem de Deus; e tem imperfeições para indicar que é somente sua imagem. 

Como a Natureza tem mecanismos nem um pouco misericordiosos, por certo a imagem de Deus, com as imperfeições da Natureza, não implica na concepção de que esses mesmos mecanismos sejam contrários à Bondade do Criador. Pelo contrário, pode-se dizer que as confirmam. A confusão advém do fato de que, nos processos naturais, o “Bem” é alcançado através de processos e fenômenos que a razão imatura do homem teima em classificar como o “Mal”.

Quase toda a base das concepções místicas do mundo ocidental partem da premissa de que existe um Deus de Bondade e Amor e um ser tenebroso cuja natureza é essencialmente maligna, o Diabo. A partir dessa dualidade absoluta, o homem passou a considerar tudo sob a ótica de um Deus de Amor a que se antepõe o Adversário, o Mal, o Príncipe das Trevas, cognominado Impostor, Pai da Mentira etc.

As tradições milenares dos povos, à exceção do mundo religioso cristão, não colocam o “Mal” como um opositor independente do Criador. O “Mal”, da mesma forma que os mecanismos da Natureza, não é fruto de um “Anjo Decaído” e devotado eternamente à perseguição dos homens e combate à Obra de Deus. Lúcifer não aparece, seja qual for o nome conforme a cultura, senão como um símbolo para as conseqüências naturais que os processos e mecanismos de evolução comportam, quase sempre concebidos sob a ótica assustadora da violência, da morte, da luta incessante e estafante pela sobrevivência, da angústia que acompanha os desejos, enfim, do medo.

O homem ocidental é que julgou inconcebível tais aspectos da Natureza como parte de Deus. O Deus “bonzinho” e superprotetor é concepção humana. O homem criou sua religião e seu Deus à sua imagem e semelhança, com suas limitações e, principalmente, com sua visão acerca das dores do mundo.

Vale insistir, para o homem tornou-se inconcebível que as dores do mundo adviessem do mesmo Criador a quem rotulava como “infinitamente misericordioso e bondoso”. Enquanto na simbologia arcaica do oriente era comum a identidade de aspectos “bons” e “maus” na mesma divindade, para o ocidental isso tornou-se uma hedionda heresia.

A Queda, esse fenômeno que o ocidental simboliza em um Anjo, o mais iluminado de todos, que se precipitou no pecado por desejar ser Deus, não foi concebida considerando a essência e a origem do próprio Anjo, filho do mesmo Pai Eterno e ao qual estaria, de qualquer forma, eternamente vinculado, sob pena de não existir o caráter absoluto do Criador. O homem ocidental passou a acreditar que há um Deus Absoluto, mas que há também um Adversário Absoluto. Admite o Diabo como um Anjo que, por ter-se tocado de vaidade, devotou-se à mais absoluta e irremediável maldade, sem quaisquer finalidades senão guerrear pelo domínio das Trevas.

Não é um símbolo consistente.

A Queda, com muito mais propriedade, é vista, seja qual for a designação, por culturas antigas como a entrada do sopro de Vida do Criador no mundo material. A Luz Sublime do Pai Eterno vem ao barro e amolda o homem. O pecado original do homem, diga-se, foi desejar o conhecimento. Pecado? Bem, essa é apenas uma palavra. Se nos afastarmos ao menos um pouco da dualidade absoluta do homem ocidental acerca do Bem e do Mal, veremos que não houve propriamente um crime, um pecado, ou ato ilícito. Da mesma forma que um tigre não comete crime ao devorar uma presa, o homem desejou conhecer. A Serpente que inoculou o “veneno” do “pecado” original, tão-somente é um mecanismo da natureza que despertou no homem a capacidade de aprender.

Novamente a Mãe Natureza. Seus mecanismos. Deus em atuação.

Então, qual deve ser nossa atitude diante da Vida para buscar a felicidade?

Se tirarmos o Diabo de nossas considerações, devemos entender que toda a maldade que reina no mundo sejam mecanismos da Natureza?

Sim. Devemos aceitar rapidamente que todos nós somos, sempre e sempre, irrestritamente responsáveis por tudo o que fazemos e deixamos de fazer. Tudo de ruim que aconteça é fruto das ações nossas e dos que estão à nossa volta. 

Não cogitamos de “culpa”, mas sim de responsabilidade. Responsabilidade no sentido de haver respostas a tudo o que fazemos ou deixamos de fazer, em relação a nós e a todos os que estão conosco, do mesmo modo em relação a eles entre si e em face de outrem.

De tempos em tempos, para que o homem possa continuar sua jornada perante a Mãe Natureza, é posto à experimentação de mudanças que o Pai Eterno imprime na Vida de todos. O eventual sacrifício de alguns confortos e conveniências do homem vale o acerto das rotas evolutivas. É o Pai Eterno, em sua efetiva e real bondade e misericórdia, atuando na Vida de todos como a Providência Divina.

É necessário algum Diabo? Duvido muito.

Creio que a melhor atitude de busca da felicidade é estarmos cientes de que somos senhores de nossos destinos.